A água, recurso central para o desenvolvimento do país, vive um momento crítico
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) deve abrir, nas próximas semanas, uma consulta pública para criar uma Norma de Referência sobre reúso da água, que estabelecerá padrões para o reaproveitamento de efluentes sanitários tratados.
A ideia é estimular o reúso porque o Brasil deve enfrentar escassez de água nos próximos anos. Segundo projeções da agência, a disponibilidade hídrica pode cair mais de 40% até 2040 em diversas regiões do país. Enquanto isso, a demanda por água só aumenta devido ao crescimento da agricultura irrigada, do setor urbano, da indústria, do setor elétrico com a construção de data centers e produção de hidrogênio verde.
O Brasil tem grande potencial de reúso, pouco explorado, e a ANA defende que ampliar essa prática aliviará a pressão sobre os mananciais. A agência também atua para reduzir perdas no saneamento, incentivar a construção de novos reservatórios, ampliar a drenagem urbana e promover a proteção de mananciais em parceria com empresas e o setor produtivo.
Em São Paulo, os dados recentes da Sabesp, de 26 de novembro, acendem um sinal de alerta: o Sistema Rio Grande opera com a maior capacidade, 56,9%, enquanto quatro mananciais estão com níveis abaixo de 27%. O mais crítico é o Sistema Alto Tietê, com apenas 20% de armazenamento.
A norma de referência para reúso da água traz padronização e segurança regulatória, permitindo que empresas invistam em tecnologias de reúso com menor risco. Além disso, a pressão sobre os mananciais e a necessidade de ampliar reservatórios e proteger bacias geram oportunidades de negócios em tratamento de água, irrigação inteligente e drenagem urbana.